sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Lágrimas

Ela sentou para escrever. Não tinha ainda uma história pronta. Sentou porque não agüentava mais andar de um lado para outro. Quis escrever para tentar pôr para fora tudo o que sente. Mas ela simplesmente não consegue. Ela não sabe. É um não-querer. Uma decepção com o mundo. Um tanto faz que mata. Uma indiferença que corrói. Uma tristeza sem começo, meio ou fim. Uma tristeza completa. Ela é tristeza. Suas lágrimas são as palavras. Por isso ela escreve. Mas nem todas as palavras a renovariam. Será que elas perderam seu poder? Talvez ela perdera as esperanças. Tão nova, tanto tudo dentro dela. Tudo misturado, incompleto. O tudo dentro dela deixa um vazio. Um vazio imenso. Ela tem medo de ser sugada pelo buraco negro que existe no seu interior. É tão ela, sempre. Queria voltar. Ela já se importou, já sorriu, já chorou. Hoje apenas passa. Ela não sabe o que fazer. Será melhor ir embora? Será que ela já se fora e apenas ninguém notou? Sua cabeça dói, tudo sempre dói. Sua pele dói, seu coração dói. Ela quer falar, mas não consegue explicar. Só entenderia quem a visse por dentro. Mas ninguém tem tempo. Estão muito atrasados para o trabalho.


(Camila Monteiro)

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